Pílulas venenosas
Breve follow-up sobre “a empresa imparável” e uma cutucada nas locadoras. O futuro demográfico mundial. O tombo de US$ 400 mi. A linha do tempo do Rock’n’Roll & os novos salvadores do gênero.
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Breve follow-up sobre “a empresa imparável” e uma cutucada nas locadoras
Na semana passada, fizemos um apanhado das parcerias da WEG com os carros elétricos ⚡️, aproveitando o lançamento do JEEP Compass 4xe no Brasil.
Mas, como vocês já devem estar acostumados, ela é uma empresa imparável.
Mais um carro elétrico chegou ao Brasil e quem estava lá pra receber a montadora de braços abertos?
O EV da vez é o Renault Kwid E-TECH Electric. Esse é o elétrico mais acessível da montadora, que já havia lançado por aqui o Zoe.
A tradição da WEG ser a parceira para o fornecimento das estações de recarga se mantém, mas agora, temos uma novidade.
O Kwid não estará apenas disponível para a venda nas concessionárias, como também entrará no Renault on Demand. Esse é o programa da marca que oferece diversos planos de assinatura de longa duração customizáveis. Todos os planos incluem os serviços de revisões preventivas, gestão de documentos e taxas relacionadas ao veículo como IPVA e licenciamento, além de seguro.
As estações de recarga da WEG também entram nessa jogada. Elas poderão tanto ser adquiridas como acessório do carro, lá na concessionária, como por assinatura, dentro do Renault on Demand. Parece uma alternativa bem interessante…
Mas a dúvida que começa a pairar na cabeça de muita gente é: as montadoras oferecendo serviços de assinatura de veículos são um abacaxi🍍 pras locadoras?
Fica de olho no VBox que a primeira empresa desse setor já estacionou por lá!
Internacional
A saga de Elon e as pílulas de veneno
A briga pela compra do Twitter continua, mas dessa vez Elon Musk está sofrendo com uma barreira bem efetiva, imposta pelo Conselho de Administração da companhia: a famosa poison pill. ☠️
A poison pill (pílula de veneno) é uma medida de defesa geralmente presente nos estatutos das empresas de capital aberto para proteger a companhia de uma aquisição indesejada. No Brasil, ela só existe quando prevista no estatuto (que é o documento de constituição da S.A.), devidamente aprovada pela Assembleia de Acionistas.
O tipo possível aqui é aquela que obriga o comprador hostil a fazer uma oferta pela empresa inteira, caso ultrapasse um percentual de ações adquiridas, definido no estatuto. Por exemplo, caso alguém adquira mais de 10% das ações da empresa ABCD3, deverá fazer uma oferta por todas as ações da empresa. Lembrando que muitas de nossas empresas listadas tem cláusulas de Tag Along no estatuto, que obrigam o ofertante a oferecer o mesmo preço oferecido aos controladores a todos os acionistas minoritários.
Nos EUA é diferente. Existem uma ampla variedade de poison pills e, ao que parece, o Conselho de Administração lá tem poder para implementá-las, sem uma votação dos acionistas.
No caso do Twitter, foi exatamente isso que aconteceu.
A poison pill deles prevê que caso alguém adquira mais de 15% das ações da companhia, sem aprovação do Conselho, um gatilho de subscrição de novas ações é acionado. Isso daria aos atuais acionistas, com exceção do acionista que passou dos 15%, o direito de comprar ações da empresa com 50% de desconto. Na prática, isso vai aumentar muito a base acionária e diluir o potencial comprador.
É só pensar que se anteriormente a empresa era dividida em 100 ações e o potencial comprador possuía 15% da empresa, com 15 ações, depois do gatilho, a empresa vai ser dividida em 150 ações e as 15 ações do potencial comprador vão passar a representar apenas 10% do total.
Pelo visto, as coisas não andam nada fáceis para Elon, que inclusive teve crédito negado por três vezes, na tentativa de conseguir grana pra financiar a operação.
Ou você realmente achou que ele iria vender as ações dele de Tesla pra fazer isso?
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Consumimos de tudo. Trazemos o que importa
📰 Artigos
Se você leu o Diário da semana passada, vai se lembrar do artigo do The Atlantic explicando os motivos da queda no crescimento populacional americano 📉. Nessa mesma linha, o Financial Times soltou uma excelente série de quatro artigos sobre o futuro demográfico mundial.
A realidade é que já faz algum tempo que diversos países passam por um cenário sombrio de crescimento populacional, mas a pandemia ajudou a deixar o cenário ainda mais dramático.
Uma das nações que mais estão sofrendo nesse sentido é a China, onde a política do filho único 👨👩👦causou uma queda gigante na fertilidade. Será que a falta de bebês vai ser o que vai impedir os chineses de atingirem a dominação mundial?
Talvez a pior notícia de toda a série é que hoje não existe nenhuma solução efetiva pra resolver o problema: as políticas de incentivo à natalidade de muitos países desenvolvidos têm sido um retumbante fracasso.
Com a iminente queda no tamanho da população, vai ser cada vez mais difícil essas nações crescerem economicamente, além do fato que as finanças públicas vão sofrer com o aumento nos custos com aposentadorias e cuidados médicos dos mais velhinhos.
📜 Cartas dos Gestores
A Pershing Square, gestora fundada e comanda por Bill Ackman, anunciou na sua carta de 20 de abril, que vendeu suas ações de Netflix.
Se você não sabe, no pregão do dia 20, a cotação da empresa caiu pouco mais de 30%, depois dela anunciar nos resultados do 1T22, que perdeu 200 mil assinantes. Isso resultou numa perda de valor de mercado de mais de US$ 50 bilhões. Foi a primeira vez, em mais de 10 anos, que ela perdeu assinantes.
De acordo com a carta, o declínio no número de assinantes tirou a previsibilidade do modelo de avaliação da empresa utilizado pelo fundo, cuja estratégia é investir em negócios simples, geradores de caixa e com alta previsibilidade.
As ações da Netflix tinham sido compradas por Ackman no início do ano, quando ele declarou publicamente que a empresa era uma boa oportunidade de investimento. Segundo Ackman, as melhores oportunidades que eles já encontraram foram quando investidores com horizonte de curto prazo descartaram empresas por preços extremamente atrativos, para investidores de longo prazo.
Acontece que pouco mais de 2 meses depois, isso parece ter mudado. Por mais que na carta, a gestão fale que o negócio ainda é bom, desinvestir amargando uma perda de mais de $ 400 milhões, não parece coerente com tal afirmação. De qualquer forma, a queda no número dos assinantes de Netflix assustou bastante e a gestora afirma que é melhor reconhecer um erro o mais rapidamente o possível do que persistir nele.
Ao que parece, a maior preocupação do fundo é com sua performance (e, claro, não está errado). Fato é que, a perda de $ 400 impactou o fundo em 4%, e ele segue -2% no year-to-date. Considerando que eles superaram o SP500 em algumas vezes, durante o seu período de existência (que começa lá em 2004), supõe-se que Bill deva saber o que está fazendo, pelo menos no que diz respeito à preservação de seu track record.
🎼 Off-topic
Nem só de mercado vivem os investidores.
A linha do tempo do Rock’n’Roll e os novos salvadores do gênero
No mundo dos investimentos, muitos caem na tentação de achar o investimento da vez (ou a ação da vez).
No mundo da música não é diferente, tem gente que quer saber é “quem é o artista do momento?”.
Mas nesse meio, há ainda uma particularidade interessante: em um gênero que é quase dado como morto, o que muitos procuram é “quem são os novos salvadores do rock?” — isto é, aquele grupo que irá “ressuscitar” o estilo e inspirar uma nova geração de bandas.
Na linha do tempo do Rock’n’Roll, não é difícil lembrar de artistas que encabeçaram um movimento exercendo uma influência tão forte que ela deu origem a novos subgêneros.
Começando lá pelos anos 60, com Beatles, Rolling Stones, Jimi Hendrix, Beach Boys e Bob Dylan, vimos a criação do rock psicodélico, do blues rock e do folk revival.
Passando pelos anos 70, com Led Zeppelin, Pink Floyd, Black Sabbath, Deep Purple, temos para muitos o que foi a Década de Ouro do estilo. Essa época ficou marcada pelo surgimento do rock progressivo e do hard rock.
Chegando nos anos 80, o gênero praticamente rachou em 2: parte se aproximou do pop com artistas como David Bowie, Queen, U2, The Police, Dire Straits tomando conta das paradas. Outra parte tomou a direção contrária: os filhos do hard rock atingiram o auge do gênero com Guns N' Roses e AC/DC, enquanto Iron Maiden e Metallica tornavam o estilo ainda mais pesado e marcavam a popularização do Heavy Metal.
O rock seguiu forte na divisão celular na década de 90 e vários subgêneros surgiram, entre eles: o grunge, com Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden e Alice in Chains; o britpop, com Oasis e Blur e o alternativo com Radiohead, REM, Red Hot Chilli Peppers e Smashing Pumpkins.
Chegando nos anos 2000, entretanto, o gênero começou a perder força e custava figurar na lista dos álbuns mais vendidos. Daí, começou o papo de encontrar o salvador do rock.
Esse papel caiu primeiro sobre as costas dos Strokes. A banda desencadeou uma verdadeira bidding war entre as gravadoras, antes do lançamento de Is This It. Bandas como Interpol, Kings of Leon e Franz Ferdinand vieram na cola do que ficou conhecido como garage rock revival.
Na década seguinte, a situação com as gravadoras não melhorou muito. A capa de herói ficou com os Arctic Monkeys, que atingiram o auge da popularidade, em 2013, depois do lançamento de AM. Outras bandas que já haviam começado antes, se consolidaram e viraram verdadeiros medalhões do gênero, lotando estádios como o Foo Fighters e o Queens of the Stone Age.
Desde então, o estilo foi sendo carregado pelas bandas antigas e continuou se expandindo por outras que, de uma forma ou de outra, se encontraram na categoria indie. O termo surgiu como uma abreviação de independent (apesar de muita gente achar que o que se enquadra aqui são só as bandinhas que tocam no Lollapalooza). Com o gênero cada vez perdendo espaço nas vendas, os artistas passaram a ter dificuldades para fechar contratos com as gravadoras. A opção era se lançar por conta própria, ou seja, seguir independentes.
Fato é que, ainda assim, é difícil jogar a última pá de terra no caixão do rock. O indie abarcou uma infinidade de bandas que combinaram as tendências passadas do gênero em uma roupagem moderna. Algumas retomaram o rock psicodélico marcado pela década de 60, como o Tame Impala e Flaming Lips.
Outras partiram ainda mais para as raízes do gênero e abraçaram o blues, como o Black Keys e o White Stripes/Jack White. E, como onde há um nicho a ser atendido, há uma oportunidade de negócio, algumas gravadoras voltaram pro jogo e passaram a se especializar justamente em bandas indie. Assim, o termo perdeu o sentido de independência para se consolidar propriamente como um estilo.
Agora, estamos no segundo ano da maluca década de 20 e o cinturão de salvador do rock precisa ser passado para uma nova banda. Qual será?
Este analista que vos escreve não pretende ficar em cima do muro e aposta, no longo prazo, em uma banda que lançou um novo álbum justamente nessa sexta-feira pós-feriado.
Apesar de pouco conhecida no BR, o Fontaines D.C é uma banda irlandesa que vem angariando fãs ao redor do mundo. Ecoando sons que vão de The Smiths e Joy Division a Oasis e Stones Roses, mas cada vez mais ampliando seu leque e sem deixar de mostrar suas características próprias (o sotaque forte do vocalista é um deles, assim como o baixo marcante e as guitarras “deslizantes”), o grupo parece bem habilitado a carregar a bandeira do rock pelos próximos anos.
Serão eles os escolhidos? Veremos até 2030…
⏳ Atemporalidades
Veja agora, leve pra vida.
Dica: abrindo o vídeo abaixo no Twitter você pode ativar as legendas.
Por hoje é só pessoal 🤙
Bebam café, se hidratem e, apesar do feriado de Tiradentes, não se esqueçam de declarar o imposto de renda até o final do mês que vem! 😬
Bom final de semana e bom descanso!