A empresa boa-praça
Digitalizando a saúde. I am buyin’ Twitter (and we are selling it). Sapiens. Um país cresce ou encolhe de 3 maneiras. O que Billions, O Iluminado e Suits têm em comum?
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Farmacêuticas
Digitalizando a saúde
Ser um paciente no Brasil é excruciante. Não basta você já estar doente, ainda precisa lidar com péssimas experiências pra conseguir uma consulta e depois pra comprar o remédio que o médico prescreveu.
Quem nunca chegou numa farmácia com uma receita e não achou o remédio que queria ou ficou um tempão esperando pela burocracia pra registrar a prescrição? Pior é quando nem o vendedor entende o que o médico escreveu!😅
Pra tentar resolver isso, duas startups estão apostando em algo que é super normal lá fora: a digitalização das receitas. A Memed, investida pelo DNA Capital, fundo da Família Bueno, que por sua vez controla a Dasa (DASA3), nasceu digitalizando as receitas, mas está se tornando um ecossistema em volta delas.
Já é possível agendar exames com as receitas da Memed e agora ela vai dar uma tacada maior ainda, lançando um marketplace de medicamentos. No marketplace, a partir da prescrição médica, o paciente vai poder comprar os remédios de varejistas como Drogarias Pacheco e Drogarias São Paulo. Abre o olho, RD (RADL3)!
A Mevo é a outra empresa que entrou nessa jogada. Com aporte de investidores como Mercado Livre e Hospital Albert Einstein, suas receitas digitais já são usadas por gigantes como Rede D’Or (RDOR3) e Intermédica (HAPV3). O curioso é que outro dia eu fui num hospital da Rede D’Or e sai de lá com uma receita em papel. 🤔
A ideia não é muito diferente da Memed. Com a receita digital, o cliente pode comprar o remédio online, ou se preferir pode ir até a farmácia e levar o produto pra casa. O lado bom é que as prescrições da Mevo são aceitas em todas as mais de 80 mil farmácias brasileiras.
É muito cedo pra saber qual das duas healthtechs vai se sair melhor, mas essa briga já tem um vencedor: o paciente.
Tecnologia
I am buyin’ Twitter (and we are selling it)
Pode parecer uma brincadeira da Internet, mas as letras circuladas trazem a seguinte mensagem: I am buyin twitter.
Conhecido por ser bastante ativo nessa rede social, Elon já tem mais de 80 milhões de seguidores lá. E a julgar pelo seu histórico, é bem possível que ele tenha tentado passar uma mensagem cifrada, de verdade. Até porque esse tweet aí saiu alguns dias antes da notícia que ele teria comprado aproximadamente 9% da companhia, tornando-se seu maior acionista individual. Teoria da conspiração 🕵️♂️ ou não, o fato é que as ações da empresa chegaram a subir quase 30% após a divulgação da notícia.
Se você não se lembra, em 2018, Elon declarou no Twitter que a Tesla poderia fechar o capital, ao preço de $ 420 por ação, cujos fundos ele afirmou estarem assegurados, na época. Acontece que não era verdade e claro que isso mexeu com o preço das ações. O resultado foi um acordo com a SEC (CVM americana), para “controlar” o que Elon postava em suas redes sociais. Nesse acordo, ele não foi declarado culpado pela manipulação de mercado, no entanto também não pôde se declarar inocente. Parece até que o jeitinho brasileiro baixou no pessoal por lá.
Desde o início deste ano, o homem mais rico do mundo parece que está em uma cruzada pessoal em favor da liberdade de expressão. Ele começou tentando uma ação judicial para anular o acordo com a SEC feito em 2018. Elon alega que se sentiu controlado, e que só fez o acordo para proteger os acionistas da Tesla, na época.
Acontece que mesmo “sob controle”, Elon dá trabalho. No final do ano passado, ele fez uma enquete no Twitter, para que seus seguidores votassem se ele deveria ou não vender 10% das ações de sua maior empresa. Na sequência, neste ano, antes da compra dos 9% do Twitter, Elon começou a questionar em seu perfil, se a rede social respeitava o direito de liberdade de expressão. Em outros tweets, ele chegou a sugerir que pudesse comprar alguma rede social ou criar uma nova, na qual a liberdade de expressão fosse absolutamente garantida.
Ao que parece, ele quer cumprir com suas palavras e nesta semana, em mais um movimento polêmico, o bilionário apresentou uma oferta para a compra de todas as ações do Twitter, por $ 54,20 cada, ou quase $ 43 bilhões no total.
Mas qual o problema disso?
Até aí, nada. Mas junto com a oferta ele declarou que, caso ela não seja aceita, ele pode reconsiderar sua posição como acionista da companhia. Isso é claramente uma forma de pressionar a board a aceitar a oferta, ou aguentar as consequências de uma possível queda drástica das ações da companhia, com a eventual saída de Elon. Pra você ter uma ideia, no pre market de ontem, as ações estavam subindo 5%, após a notícia.
A compra da totalidade das ações dá a Elon o poder de fechar o capital da empresa. Mas será que ele realmente estaria disposto a gastar essa baba e depois fechar o capital pelo bem da liberdade de expressão?
Ele disse que sim. Mas pelo histórico, já sabemos que entre o que ele diz e a verdade existe uma certa distância. No final, só o futuro dirá sobre as reais intenções do bilionário.
Mas lembrem-se: não existem mocinhos no mercado financeiro. O board do Twitter contratou o Goldman Sachs para aconselhar sobre a oferta. A resposta do Goldman foi que a oferta estava baixa demais (ao preço de $ 54,20). Até aí tudo bem, mas o problema é que o banco soltou uma recomendação de venda da ação, no último trimestre do ano passado, com preço alvo de $ 30. O próprio Elon tweetou sobre isso, junto com o Zero Hedge!
Esse jogo não é um jogo de amadores. Afinal, até onde vai a isenção na avaliação, quando o cheque é preenchido pela parte interessada naquela avaliação?
Indústria
A empresa boa-praça (ou a máquina de parcerias)
Pra quem já leu nosso relatório da WEG ou viu as aulas do VBox, isso não será uma grande surpresa.
Há poucos dias, a JEEP lançou o Compass 4xe. Ele é o primeiro PHEV (veículo elétrico híbrido com plug-in) da marca no país — isso significa que os motores elétricos e a combustão compartilham a tração — além de ser o único 4x4 do segmento.
E quem tava lá pra fechar uma parceria com a Jeep? Claro, a WEG!
Assim como ela já fez com a Renault, que lançou o Zoe, a Fiat, com o 500e, e a Peugeot, com E-208, a empresa irá fornecer as estações de recarga do Compass. A estações serão instaladas nas concessionárias da montadora, além de entrarem no catálogo de produtos da marca, sendo oferecidas para os clientes da Jeep.
Como a gente disse no relatório, podem ter mais marcas ainda pra entrar nessa roda 👇
Mas não para por aí.
Outra parceria recente da WEG foi com a BMW e a Energy Source. As empresas desenvolveram um sistema que integra geração solar, estação de recarga e armazenamento de energia em baterias de lítio.
O sistema pode operar conectado ou completamente desconectado da rede de distribuição de energia utilizando baterias conectadas a painéis solares.
Chamado de Carport Solar Off-Grid, ele permite a recarga dos veículos elétricos com energia gerada pelo sol e armazenada em baterias de segunda vida, fornecidas pela Energy Source, oriundas dos veículos elétricos da BMW. Quando as baterias estão 100% carregadas, é possível exportar o excedente da energia solar para a rede elétrica.
Quem lança carro elétrico no Brasil já sabe quem procurar pra encher o tanque. Será que a infraestrutura para recarga dos EVs no país já tem dono?
🍷 Sommelier
Consumimos de tudo. Trazemos o que importa
📚 Livros
Sapiens: Uma breve história da humanidade
O planeta Terra tem cerca de 4,5 bilhões de anos. Nós, humanos, somos a espécie que atualmente domina esse planeta, mas por uma quantidade tão ínfima de tempo, que não passamos de uma mera poeira em sua superfície.
Yuaval Noah Harari é professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e tem Ph.D em História pela Universidade de Oxford. Felizmente, para nós, ele escreveu um livro ainda mais impressionante que seu currículo: Sapiens.
É nesse livro que ele conta a história da humanidade, em linguagem acessível e com uma abordagem multidisciplinar. O professor parte desde os primórdios do surgimento da espécie humana, passando por diversos sistemas políticos e financeiros, até chegar no capitalismo e na engenharia genética.
Yuaval é bastante contundente em suas colocações, por isso não espere uma narrativa bonitinha sobre a humanidade. Ele dá ao homem aquilo que ele merece: reflexões que incomodam — às vezes um tapa na cara — mas importantes para colocar em perspectiva o que aconteceu nesses milhares de anos.
Perspectiva, inclusive, é uma das palavras mais adequadas para descrever esse livro, que propõe diferentes pontos de vista sobre as crenças imaginativas da humanidade, sejam elas religiosas ou não. Por isso, espere ser desafiado a cada capítulo.
📜 Artigos
Um país cresce ou encolhe de 3 maneiras.
A partir disso, esse artigo explica porque o crescimento populacional dos EUA está colapsando:
E o Brasil? Já estamos sofrendo com isso ou ainda vamos sofrer? Aguarde as cenas do próximo capítulo…
🥃 Off-topic
Nem só de mercado vivem os investidores.
Diga-me o whisky que tomas e te direi quem és!
O whisky é antigo, mas tão antigo que as tradições remontam a São Patrício da Irlanda, no século IV a.c. Na época, a destilação era feita pelos famosos escoceses das terras altas ou highlanders.
O primeiro registro escrito de que se tem notícia data de 1494. Quem destilava a bebida era um frade beneditino, chamado John Cor. O interessante é que o próprio rei James IV autorizava o envio de cevada maltada para que o piedoso frei fizesse "aqua vitae" (água da vida). Detalhe: essa autorização é o registro histórico.
Etimologicamente, whisky vem de “uisge”, forma abreviada do termo gaélico “uisge beatha” ou “aqua vitae”. Não à toa era utilizado com ervas e especiarias, para fins medicinais, depois de produzidos em monastérios. A tradição escocesa é tão forte que somente as bebidas produzidas lá podem ter no rótulo a denominação “scotch whisky”.
Passado o papo de história, resolvemos listar 3 personagens icônicos e seus whiskies preferidos, começando pelo mais antigo, para agradar a garotada com mais de 40 anos.
Jack Torrance - O Iluminado
Num clássico absoluto de Stanley Kubrick, em O Iluminado, Jack Torrance se torna caseiro de inverno do isolado Hotel Overlook, nas montanhas do Colorado, na esperança de curar seu bloqueio de escritor. Porém, o que era pra ser umas férias tranquilas, vira um thriller bem tenso envolvendo Jack e sua família.
Jack tem vários problemas e é possivelmente um doente mental grave, mas o que não podemos questionar é o seu bom gosto pra bebidas.
Jack drinks Jack. Ok, a imagem não está tão clara, mas essa garrafinha quadrada de rótulo preto ali é impossível de não ser reconhecida.
O Jack — a bebida, não o assassino psicótico — é um bourbon, com pelo menos 51% de milho em sua composição. Na verdade, ele passa por tanques de carvão, num processo chamado "charcoal mellowing", que serve pra suavizar o sabor. Esse uso do carvão no processo torna o Jack Daniel's um Tennessee Whiskey e não um bourbon clássico.
Se você gosta de whisky, certamente já deve ter tomado desses. Vai bem com um gelinho, ou em drinks, principalmente com maracujá. Puro, só se você for o Conan! Outra vantagem é que uma garrafa é facilmente achada nos mercados brasileiros, entre R$ 130 e R$ 150.
Bobby Axelrod - Billions
O polêmico bilionário da série Billions não fica pra trás no bom gosto. Na verdade, nem ele e nem seu braço direito, Wagner, já que aparecem degustando uma garrafa de Michter’s.
Michter’s é feito em Kentucky, nos EUA, e é um rye whisky. A diferença para o bourbon é que na composição o elemento predominante é o centeio. Isso faz com que a bebida fique mais picante, enquanto o bourbon é levemente mais adocicado.
A Michter’s tem uns 17 rótulos diferentes, que variam de idade e preço. Tem garrafa vendida por $ 50, até edições especiais, com 25 anos, single barrel, que custam alguns milhares de dólares.
Você deve imaginar que nessa cena Axel deve estar tomando um desses de $ 5.000 a garrafa. Lamento dizer que não. Axel é gente como a gente e tá tomando um straight rye de cinquentão!
Harvey Specter - Suits
Por último, mas não menos importante, Harvey representa os clássicos. O famigerado advogado da série Suits, que costuma dobrar a lei ao seu favor em casos cinematográficos, tem uma preferência incontestável.
O The Macallan, 18 anos, é um clássico escocês produzido desde o início do século XIX. Se você não tem ideia do cuidado no processo de fabricação dessa joia, saiba que a destilaria tem produção própria de barris. Isso é bastante incomum, mas a The Macallan usa madeiras de carvalho com mais de 100 anos de idade, tudo pra dar mais aroma e sabor à bebida. Sem contar que só 16% da bebida sai da fábrica para o consumidor final. A média da indústria é 40%. Ou seja, só a nata da nata é escolhida para venda.
A má notícia é que toda essa exclusividade deixa a garrafa cara. Um brinquedinho desse aí sai em média por uns R$ 3.000,00. A boa notícia é que você consegue comprar no Brasil, mais fácil até que o Mitcher’s.
Pena que é bem provável que você não vai conseguir pagar uma garrafa dessas com dividendos de Itaúsa.
⏳ Atemporalidades
Leia agora, leve pra vida.
Solving problems is a sign of smartness.
Avoiding problems is a sign of wisdom. @thescorpionphil
Which games you play is more important than how well you play them. @naval
Por hoje é só pessoal 🤙
Bebam café, se hidratem e não coloquem todos os ovos (de Páscoa) na mesma cesta! 🥚🐰
Ou contrarie o senso comum e faça como nosso chefe de Omaha, seguindo o conselho de Mark Twain: “coloque todos os ovos na mesma cesta e cuide dela!”.
No mundo dos investimentos, ou na vida, não há muitas regras que se aplicam a todos.
Feliz Páscoa e bom descanso!