O negócio por trás do 3° maior evento esportivo do mundo
-1 na briga, +1 na sacola. A próxima crise mundial. Carta da NAM. Livro não é TikTok. Seu caráter é seu destino.
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Curto e sem açúcar
-1 na briga, +1 na sacola
Por @guilhermevcz
A divisão da GE focada em equipamentos para geração de energia renovável, a GE Renewable Energy, vai parar de produzir aerogeradores no Brasil.
Com mais de 3 mil turbinas eólicas, a empresa possui cerca de 30% do mercado e atende a praticamente todas as grandes geradoras.
Mas, com a energia renovável e o ESG tão em pauta, por que a GE tomou essa decisão?
Bom, não é de hoje que a GE anda mal das pernas.
No 2T22, a GE Renewable Energy teve uma queda de 23% em sua Receita. Não à toa, a GE havia anunciado no dia 18/07 que faria mais uma reformulação no seu portfólio. Agora, os negócios de energia do grupo, incluindo a Renewable Energy, além da Power, da Digital e da Energy Financial Services, ficarão juntos sob uma nova marca, a GE Vernova.
A saída da GE facilita a vida das concorrentes que atuam por aqui como a dinamarquesa Vestas, as alemãs Nordex e Siemens-Gamesa e a brasileira WEG (WEGE3).
Se a notícia é boa pra WEG que fica com um concorrente a menos, pra Aeris (AERI3) ela deve ser ruim já que ela terá um cliente a menos, certo? Muitas notícias sobre a saída da GE afirmaram isso, mas não é lá bem assim.
A verdade é que a GE possui sua própria fábrica de pás aqui no Brasil, localizada no Porto de Suape - PE. Se a empresa fechou sua fábrica de aerogeradores é provável que ela também desative sua fábrica de pás. Logo, pra Aeris, o resultado deve ser ≥0. Ou ela fica no zero a zero ou, no mínimo, ganha alguma coisa, já que a participação que a GE teria no futuro no país será capturada potencialmente pelas outras empresas que compram suas pás.
Voltando a falar da WEG, a empresa ainda não tinha ido às compras esse ano. Isso mudou ontem, 01/08, quando ela anunciou a aquisição da unidade de controle de movimento da italiana Gefran por 23 milhões de euros.
Essa “unidade de controle de movimento” é a responsável pelo desenvolvimento e produção de inversores de frequência, conversores de corrente contínua e aplicações especiais de servoconversores. Especificamente, a Gefran dá acesso para a WEG vender essas soluções também para indústrias de plástico e de elevadores.
A Gefran possui fábricas na Alemanha, Itália, Índia e China, mas conta com clientes e atuação em mais de 70 países. No ano passado, a Receita Líquida da empresa foi de 44,8 milhões de euros.
A aquisição faz parte do processo de internacionalização da área de drivers, que por sua vez fica dentro do negócio de automação da WEG. Essa é uma linha de produtos que ela produz no Brasil e na China, mas que agora passa a ser feita também na Europa e já com uma receita importante pra companhia no Velho Mundo.
Será que veremos a WEG fazendo mais aquisições neste ano?
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Alô, amigos! Alô, familía! Gestor Dudu na voz!
Julho se encerrando e trazendo agosto, que só será o mês do desgosto se for a gosto do freguês! Pega a visão!
Bora comentar as notícias de ontem?
HOME OFFICE OU WORK FROM HOME? - “House of Cards” era uma série muito boa, onde rolava um drama sobre um político inescrupuloso indo atrás do poder. Só que depois de algumas temporadas, eu parei de ver pois vi que NADA irá superar o enredo que é a política brasileira.
Em mais um episódio dessa temporada, o PTB lançou a pré-candidatura de Roberto Jefferson, o Bobby Jeff, à Presidência da República. A questão é que nosso herói está em prisão domiciliar! O que leva o home-office a um novo patamar!
Assim, se seu chefe é contra o trabalho à distância, lembre a ele que até um pré-candidato à presidência está adotando esse sistema. Se seu chefe, então, falar que você não está preso por atentar contra as instituições democráticas, aí é melhor você voltar ao trabalho…
AS MULAS DE HONG KONG… - “Mulas” é como são chamadas as pessoas, que transportam drogas para traficantes em suas malas, em troca de pagamento em dinheiro. A série “Aeroporto” mostra vários relatos do tipo, a maioria tristes, já que são muitas pessoas com enorme vulnerabilidade econômica e social.
De acordo com uma reportagem da AFP, em 2021, um quarto das 8.434 pessoas presas em Hong Kong eram mulheres, fazendo essa a taxa mais alta do mundo.
E A MULA DE TAIWAN - A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, está em uma turnê pelos lados do sudeste asiático e surgem rumores fortíssimos de que ela vai visitar o território de Taiwan.
Qual o BO? Taiwan, oficialmente, é da China; mas uns anos atrás se rebelou e proclamou sua auto independência, movimento que poucos reconhecem como legítimo. Isso gera enormes tensões com a própria China que não aceita isso e sempre ameaça invadir esse pedacinho de terra para reaver ele.
Não bastasse essa tensão natural, os EUA já estão arrumando barraco com a China há alguns anos, fora as discordâncias com o conflito no leste europeu…
Aí o que a senhora faz? Resolve ir visitar Taiwan, é claro! Ideia melhor que essa, só balear o próximo herdeiro do Império Austro-Húngaro no meio da rua.
JÁ DISSE QUE NÃO É - Imagina o seguinte: você está com sua camisa branca e foi almoçar uma deliciosa macarronada ao molho bolonhesa — a gloriosa carne moída. Na hora, você não percebeu, mas acabou caindo alguns respingos do molho vermelho na sua camisa branca. Na volta ao escritório, todo mundo percebe e aponta que você sujou a camisa que nem bobo, mas como você é boladão, jamais deixaria isso acontecer! Então o que você faz? Troca/lava a camisa e aceita que sujou ou nega que tá sujo parecendo um maluco?
Pois bem, os EUA estão optando pela segunda opção na hora de falar sobre sua recessão! Na quinta, dia 28/07, saiu o dado que o PIB dos EUA encolheu pelo segundo trimestre seguido, o que representa uma recessão técnica! Adivinha o que eles estão falando?
Que não é uma recessão! Para eles, precisaria de uma queda generalizada de todos os setores da economia, o que realmente não tá acontecendo…
ACABOU O GÁS - Em respostas às sanções que está recebendo pela covardia contra a Ucrânia, a Rússia está cortando o seu fornecimento de gás aos países da Europa, que acabaram tornando sua energia dependente desse insumo.
Os efeitos já estão sendo sentidos, principalmente na Alemanha, que é um dos que mais depende do gás russo para sua energia. Na semana passada, seis monumentos históricos ficaram sem iluminação, justamente para economizar energia.
É como se o Cristo Redentor aqui ficasse no escuro… Porém isso não vai acontecer, pois a matriz energética do Brasil é renovável e a maioria não depende de terceiros. 👍
E é isso galera!
Se cuidem, bebam água, abraços e bons negócios!
🚴♂️ Off-topic
O negócio por trás do 3° maior evento esportivo do mundo
Por @mateusbmendes
Nessa edição anterior do Diário, eu contei pra vocês a história de como começou o Tour de France (que teve o fim da sua 109° edição no domingo, 24/07) e como ele foi palco de um dos maiores esquemas de doping da história do esporte.
Eu prometi que se vocês gostassem eu traria uma visão um pouco mais profunda de como funciona o negócio por trás da maior competição de ciclismo do mundo. E adivinha, aqui estou eu. 🤓
Pra começar, vamos fazer um pequeno retrospecto de como foi essa edição do Tour.
Singelos 3.349,8 km, ao longo de 21 dias, que incluíram brutais etapas com 220 km, termômetros nas alturas e mais de 4.000 metros de subida. Dias em que a velocidade média ultrapassou os 45 km/h, por longas 4h. Sim, pedalando, com montanhas gigantescas no meio do caminho e o sol fervendo.
Mas os números não param por aí. O TDF distribuiu ao todo € 2,3 milhões em premiação, incluindo € 500.000 pro grande vencedor da camisa amarela. Falando nela, quem levou pra casa a icônica Maillot Jaune foi o jovem dinamarquês Jonas Vingegaard (vice-campeão na edição passada), batendo de forma dominante o também jovem Tadej Pogačar (vencedor das duas últimas edições) e o veterano Geraint Thomas (que no seu currículo tem “apenas” uma vitória e um segundo lugar no TDF e dois ouros olímpicos — nada mal pro “coroa” do pelotão).
Agora vamos ao que interessa.
Como aquela corrida que começou como uma forma de divulgar um jornal local, se tornou no case de sucesso que é hoje? Como é o modelo de negócios dela? Que empresas estão por trás?
Vem comigo que eu te conto!
1979 foi o ano em que pela primeira vez uma emissora pagou pelos direitos de transmissão da competição — um total de 2,5 milhões de francos franceses. A partir daí o negócio começou a se tornar extremamente lucrativo.
Em 1989, a Peugeot ofereceu uma frota de carros para a caravana principal que acompanha os atletas, mas isso já não era mais suficiente. Ao recusar pagar 500.000 francos além dos carros oferecidos, ela perdeu pra sua concorrente, a FIAT, que desembolsou a bagatela de 6 milhões de francos.
Daí pra frente a competição fez jus a ao ditado moderno: “foguete não tem ré”. O Tour era cada vez mais rentável, inclusive pras cidades em que cada etapa começava e terminava.
Pra você ter ideia, em 2013, mais de 200 cidades se candidataram pra receber uma etapa, inclusive de fora da Europa. 😂
Basicamente é assim que funciona nos dias de hoje: a A.S.O (dona do TDF e de outras 22 competições ciclísticas) paga cerca de € 300.000 por ano pra cada estado francês, que em troca libera o uso das estradas pras corridas em si e o mais importante, pra uso como espaço publicitário. Os únicos outros custos são os custos pessoais e de premiação. Pra tudo que envolve veículos, alimentação, estadia, e outras operações, existem patrocinadores e apoiadores.
A organização não precisa se preocupar com nenhum esquema de trânsito, manutenção de estrada e policiamento. As cidades sedes das etapas fazem tudo e ainda pagam muita grana por isso, mas acredite em mim, vale muito a pena.
Claudy Lebreton, ex-prefeito de uma das cidades que sediou diversas etapas do tour, disse em entrevista que, uma semana antes de começar, todos os hotéis e restaurantes da cidade ficam esgotados.
Pra você ter noção do quanto isso movimenta a economia local, em 2015, a cidade de Utrecht, na Holanda gastou mais de € 15 milhões pra sediar o “Grand Départ” (primeira etapa do Tour). Incluindo uma taxa de € 4 milhões paga a A.S.O, mais de € 4,5 milhões com obras e custo de bloqueio de estrada, fora os gastos com marketing, pessoas e outros.
Fazendo uma conta de padaria, arredondando pra menos e contando que as taxas não são todas nesse valor (o início e fim tem muito mais prestígio), mais de € 25 milhões caem nos bolsos da organizadora. O que ela gasta é piada perto disso. Além de que apenas mercadorias assinadas pelo TDF podem ser vendidas.
Mas vai muito além disso. Lembra que na outra edição eu te contei das jerseys, as camisas de cada uma das 4 classificações (líder geral, melhor atleta jovem, melhor sprinter e melhor escalador)? O TDF tem os que eles chamam de “Main Partners”. Cada um deles faz um cheque de € 5 milhões em média pra estampar a sua logo em uma dessas camisas e em outras centenas de espaços publicitários que aparecem nas transmissões durante as etapas. São 5 no total. 🤑
Além deles existem os “Official Partners”, “Official Suppliers” e “Official Supporters” e cada um desses também desembolsa uma bela grana. Só aqui já estamos falando de pelo menos mais € 25 milhões.
E falando neles, entra um player gigantesco do setor financeiro, o Crédit Agricole Group, segundo maior banco da França, atrás apenas do BNP Paribas. Uma das suas subsidiárias, a LCL (Le Crédit Lyonnais) é a maior parceira do Tour the France, estampando a tão sonhada Maillot Jaune desde 1987, sendo que já era parceira do TDF desde 1981.
Bem, algo me diz que vale a pena 💸, se não a LCL não ocuparia “a cadeira” mais cara disponível nessa dança de patrocínios há 35 anos.
Entre os principais patrocinadores também há 2 marcas muito conhecidas do mundo automobilístico: a fabricante de carros Skoda (subsidiária do Grupo Volkswagen) e a de pneus e peças automotivas Continental.
Além da grana envolvida das cidades, patrocinadoras da competição e direitos de transmissão, também temos os patrocinadores das equipes. E aqui a gente fala de peixe muito grande. Da mesma forma que as marcas são estampadas nas jerseys dos líderes, cada equipe tem o seu patrocinador estampado em sua camisa.
As duas principais equipes em investimentos no ano de 2021 foram a INEOS (€ 50 mi) e a UAE Emirates (€ 35 mi).
A primeira delas você só acha que não conhece. A INEOS é uma gigante do setor de indústria química, mas por meio de suas subsidiárias atua no setor farmacêutico, de petróleo e até automobilístico. Você com certeza consome algum produto que passa pelas mãos deles.
Em 2021, ela foi a quarta maior empresa do setor no mundo inteiro (dados da C&EN) e está muito mais envolvida nos esportes do que você imagina. O fundador Jim Ratcliffe já declarou que é vidrado em performance e por isso investe muito nos esportes. Responsável por pagar 6 dos 20 maiores salários entre os ciclistas do pelotão World Tour, a empresa também é uma das principais patrocinadoras da Mercedes-AMG Petronas, a equipe multicampeã da F1, e dos All Blacks (se você não conhece, pesquise por “haka” no Google).
O segundo você já deve imaginar quem está por trás, né? Os bilionários dos Emirados Árabes. Trazendo em seu peito a empresa aérea que dispensa comentários, a Emirates. A equipe conquistou o Tour de France 2 vezes (2020 e 2021) com o esloveno, já citado aqui, Tadej Pogačar. O que rendeu pro garoto de 23 anos o maior contrato de 2022, e também da história do ciclismo, recebendo singelos € 6 milhões.
Mas aí você se pergunta, porque diabos essas empresas e cidades gastam milhões de seus orçamentos de marketing com uma corrida de bicicleta? Se você chegou até aqui, sabe que isso não é uma simples corrida de bicicleta.
Existem muitas divergências, principalmente quando vamos pesquisar e comparar valores pagos pelos “reclames do plim plim” de cada evento. Mas fato é, tratando apenas de números de audiência não tem como disputar com os 5 arcos olímpicos, a Taça Jules Rimet e as duas rodas.
De acordo com os organizadores, as visualizações ao vivo do TDF chegam a casa de 3 bilhões todos os anos, o que faz dele o terceiro maior evento esportivo do mundo em termos de audiência, perdendo “apenas” pra Copa do Mundo e Olimpíadas. O que você poderia imaginar, o tornou uma das maiores vitrines do esporte. A transmissão ocorre em mais de 190 países e tem ciclistas e equipes de todos os continentes — já teve até brazuca por lá.
Acho que já ficou claro como é vantajoso pras empresas que patrocinam o Tour e as equipes. Mas e para as cidades? Durante as 3 semanas, o principal marketing pra elas é mostrar as suas belas paisagens e estradas, onde batalhas épicas são travadas. Qualquer ciclista que vê isso fica louco pra viajar e pedalar nessas mesmas estradas.
Uma pesquisa recente feita pela Vertigo Lab mostrou que o cicloturismo movimenta mais de € 8 bilhões anualmente na França, além de gerar mais de 80.000 empregos diretos. Meu querido leitor, é MUITA grana.
É de lugares como esses que eu estou falando. Não tem como não sentir vontade de pedalar por aí. Principalmente se você é aficionado pelo esporte. Eu mesmo ainda quero passar uns bons 15 dias de férias sofrendo por aí. 😅
Eu sei que esses valores que eu trouxe até aqui não se comparam ao que estamos acostumados a ver em esportes como futebol, basquete e futebol americano, mas vamos combinar que não são qualquer pechincha.
Enfim, ficou muito claro, que a grana rola solta nos esportes e muitas empresas têm grandes eventos como suas vitrines principais. Inclusive, acho que seria animal fazermos uma seção só explorando os negócios por trás de equipes, esportes e eventos. O que você acha?
⏳ Atemporalidades
Leia agora, leve pra vida.
Livros não são TikToks.
Leia em pedaços (10-30 minutos por sessão).
Não em migalhas (1-3 minutos aqui e ali). @AlexAndBooks_
Seu caráter é seu destino. — Heráclito, via @philosophdaily
Por hoje é só pessoal 🤙
Bebam café, se hidratem e andem de bicicleta.
Boa semana e bons negócios!
Tem alguma dúvida, crítica ou sugestão pro Diário? É só responder esse e-mail, comentar aqui embaixo se você estiver vendo pelo Substack ou mandar uma mensagem no Twitter/Instagram de qualquer um dos nossos analistas!
Seria possível criar uma estratégia de marketing para o Brasil? Um estilo de "Tour du Bresil", por exemplo? Temos paisagens diversas que explorariam e muitos tipos de ambientes e dificuldades! Ou já existe e, na minha bolha, nem fazia ideia?!
Outra dúvida, sobre essa compra da WEG por 23mi, a empresa veio com uma dívida elevada? Não parece pouco para uma empresa, vendida por basicamente 2x RL?
😎