Carros: de A(pple) a (Nissan) Z
A máquina de aquisições da Saúde. Crise nas FAAMGs? O Jeito Peter Lynch de Investir. The Batman. Utilidade é arte, toda generalização é errada & de onde vem 90% do sucesso.
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Tech & Indústria
Carros: de A(pple) a (Nissan) Z
Não é surpresa pra ninguém que os carros estão cada vez mais caros.
Aqui no Brasil, pra alguém conseguir tirar da concessionária um dos dois campeões de vendas dos zero km no primeiro trimestre — o HB20, da Hyundai, e o Onix, da GM — precisa desembolsar algo na faixa dos R$ 70 aos R$ 73 mil.
E, pra piorar, como o @thiagomd_1 comentou nessa thread, os preços podem aumentar ainda mais com a guerra da Ucrânia e a Rússia.
Apesar disso, as montadoras seguem como um dos maiores negócios do planeta. Tanto que, justamente a companhia mais valiosa do mundo quer entrar nesse mercado.
O carro da Apple é bastante envolto em mistérios. Mas, vira e mexe, sai uma notícia ou outra sobre o projeto. Essa semana tivemos novidades.
A fabricante do iPhone contratou Desi Ujkashevic, executiva que fez carreira na Ford, trabalhando nos modelos Escape, Explorer, Fiesta e Focus, além do MKC e o Aviator (dois modelos da Lincoln, marca de luxo da Ford mais conhecida nos EUA).
Ela também atuou no desenvolvimento recente de carros elétricos para a montadora e aí está, com certeza, um dos grandes interesses da Apple.
A empresa quer criar um carro elétrico autônomo, mas não só isso. Como tudo que vem da gigante da tecnologia ganha ares revolucionários, correm boatos de que ele será realmente autônomo, ou seja, não terá sequer volante e pedais!
Pra isso, claro, segurança é prioridade. O sistema da empresa precisará ter um nível maior de confiabilidade até do que os atuais feitos pela Tesla e Waymo (da Alphabet, ex-Google). Da Waymo, a Apple havia trazido, em 2018, Jaime Waydo (sim, o sobrenome dela é quase o mesmo do nome da empresa), uma veterana do setor, para atuar como líder de segurança automotiva. Porém, ela abandonou o projeto no ano passado.
Na verdade, o que está rolando é um verdadeiro entra-e-sai de gente por lá.
Alguns engenheiros de alto escalão saíram pra trabalhar em empresas de “táxis aéreos”, como os que comentamos aqui na última edição, sobre a Eve da Embraer (#EMBR3).
Outros, estão fazendo o caminho contrário de Desi, e indo da Apple pra Ford. A montadora, que revolucionou o mundo dos transportes no século passado, continua sendo uma importante empresa hoje em dia, embora esteja precisando correr atrás das concorrentes quanto à eletrificação.
O grande foco dela agora é a F-150 Lightning, a versão elétrica da tradicional F-150, o veículo mais vendido nos EUA há mais de 30 anos! Quem é assinante do VBox, verá no relatório da Tupy (#TUPY3) a importância dessa picape (na versão à combustão, claro) pra fabricante de blocos e cabeçotes brasileira.
A Ford tenta apressar o lançamento da sua picape elétrica, que já conta com mais de 200 mil reservas. Entretanto, o momento não é bom pra nenhuma montadora. Ninguém fica imune à falta de peças, especialmente os semicondutores (se você não sabe o que eles são, veja essa thread bem completa do @PSnovaes), na bagunça que virou a cadeia de suprimentos nos últimos anos.
Quem também tá passando perrengue é a Nissan. A fabricante japonesa teve que postergar o lançamento do Nissan Z de junho pra algo entre julho e setembro.
Pra quem não sabe, o Z é pra Nissan o mesmo que o Corvette é pra Chevrolet ou o 911 é pra Porsche — um modelo icônico que caracteriza a marca e define seu DNA.
Tudo aquilo que a Apple também almeja (com seu “iCar”? 🤔).
Saúde
Fleury: A Máquina de Aquisições do Setor de Saúde
Essa semana, o Fleury (#FLRY3) reportou seu resultado do 1º trimestre com recorde histórico na Receita Líquida, mas a notícia que ganhou as manchetes foi a compra da Saha por R$120 milhões.
A Saha é dona de duas unidades de infusões de medicamentos imunobiológicos e um hospital focado em cirurgias de baixa complexidade em Osasco e na cidade de São Paulo.
Essa aquisição segue a estratégia de crescimento inorgânico da empresa comandada por Jeane Tsutsui. Desde que Jeane chegou ao cargo de CEO, já foram sete M&As, com o Fleury investindo mais de R$1 bilhão nesse processo.
Ao mesmo tempo, boa parte dessas compras foram de negócios fora do setor de medicina diagnóstica, onde o Fleury se consagrou. Essas vertentes fora do seu core são chamados pela empresa de novos elos.
2021 marcou a criação de alguns novos elos, como o de infusões com a aquisição do Centro de Infusões Pacaembu, além de Ortopedia (comprando o Instituto Vita) e Oftalmologia, levando a Clínica de Olhos Dr. Moacir Cunha.
Mas não é só de crescimento inorgânico que vive o Fleury. O Saúde.ID, plataforma online que inclui marketplace com consultas de telemedicina e presenciais, além de descontos em medicamentos, foi desenvolvido internamente e é uma aposta importante de Jeane Tsutsui.
A ideia da empresa com toda essa diversificação é criar um ecossistema de saúde pela entrada em novos elos, ao mesmo tempo que reforça as receitas de vendas da medicina diagnóstica por meio das vendas cruzadas. Isso já vem acontecendo com o Instituto Vita, onde 60% dos clientes também frequentam os laboratórios da Fleury.
A importância dos novos elos vinha crescendo, chegando a 7,5% da Receita Bruta no 4º tri de 2021. O problema é que 2022 começou fraco: só 6,8% do faturamento vieram das novas vertentes no 1º trimestre.
Com isso fica a dúvida: os novos elos vão se tornar relevantes dentro do Fleury ou vai ser só distração?
A boa notícia é que o Fleury vai ser uma das próximas empresas a entrar no VBox, lá você vai saber tudo sobre o grupo pra tirar sua própria conclusão.
Tech
Crise nas FAAMG?
Nessa quinta-feira (05/05), as ações de Facebook, Apple, Amazon, Microsoft e Google despencaram. A Microsoft fechou o dia com perdas de $ 95 bilhões em valor de mercado e foi a que perdeu menos proporcionalmente, ao tombar 4,3% . A que perdeu mais, proporcionalmente, foi a Amazon, com queda de 7,5%, passou a valer $ 100 bilhões a menos.
O setor de tecnologia, como um todo, foi fortemente impactado e o principal índice do setor, o Nasdaq 100 — que é composto pelas 100 empresas de maior valor de mercado listadas na Nasdaq — chegou a cair mais de 5% durante o pregão. Todas somadas, o rombo foi de quase $ 400 bilhões.
O pregão dessa sexta-feira (dia da maldade), abriu bem ruim também, com o Nasdaq 100 caindo mais 2,5%. E se olharmos o desempenho das FAAMG desde a virada do ano, a coisa fica ainda mais feia: FB -38%, AAPL -11%, AMZN -30%, MSFT - 17% e GOOGL -19%.
Isso nos faz lembrar de um período parecido na história dos EUA, da década de 70, e das Nifty Fifty. Era assim que era chamado um grupo de ações bem na moda da época, designadas como ações que o investidor podia comprar e segurar pelo resto da vida, as famosas Blue Chips.
Entre elas, estavam empresas como Avon (AVP), McDonald’s (MCD), Polaroid, Xerox (XRX), IBM e Disney (DIS). Algumas nem existem mais, mas outras estão aí bem fortes ainda.
A pergunta é: qual o problema?
O problema é que elas estavam caras, muitas com múltiplos de P/L acima de 50. Por um tempo, os retornos dessas ações foram excelentes, até que algumas chegaram a cair até 90% durante o período de 1973-74.
Adivinha o que teve de 1973 a 82 nos EUA? Se você chutou inflação, acertou!
O choque no preço do petróleo e os problemas enfrentados nos países árabes jogaram os indicadores de inflação americanos (e no mundo todo) na lua. O resultado foram taxas de juros mais elevadas, que derrubaram o valuation das ações listadas na bolsa, entre elas as Nifty Fifty.
De fato, o valuation de algumas das FAAMG não parecem tão esticados. Tem empresas negociando a múltiplos P/L 2023 abaixo de 15. Por isso, qualquer semelhança com o período que a gente está vivendo agora pode ser mera coincidência.
Mas é sempre bom ficar de olho aberto e evitar pagar caro por empresas negociadas em bolsas de valores no mundo todo. Principalmente agora!
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O Jeito Peter Lynch de Investir
Peter Lynch foi gestor do lendário Fidelity Magellan Fund, de 1977 a 1990. Durante esse período, ele retornou aos cotistas algo próximo de 29% ao ano. Detalhe importante: a carteira do fundo chegou a ter 1400 ações diferentes.
Nesse livro, em uma linguagem simples e descontraída, Lynch fala como o investidor comum pode ter algumas vantagens sobre gestores profissionais, na hora de escolher ações.
Defensor dos investimentos para o longo prazo, ele aborda brevemente o tema de alocação de ativos, ao dividir as empresas por tipos. Além, disso, você vai encontrar bastante coisa sobre investimento fundamentalista ao longo das suas quase 400 páginas.
Não se deixe assustar pelo tamanho. Afinal, é um excelente livro pra quem está começando no mundo dos investimentos e não quer enfrentar economês e teorias complexas de precificação de ações.
📺 Off-topic
Nem só de mercado vivem os investidores.
O Batman é um octogenário! Mas tem alguma coisa nele, além da capa e da armadura, que faz a gente continuar assistindo, mesmo passado todos esses anos. Particularmente, acho que seja o fato de nos sentirmos um pouco vingados, já que ele sai por aí socando bandidos e trazendo justiça pra uma cidade tomada pelo crime e pela corrupção.
Esse, especificamente, antes de ser lançado já deu um rebuliço!
É fato que a indicação de Robert Pattinson pro papel gerou polêmica. Afinal, nós, nerdolas de plantão, fazíamos o link direto do sujeito com o vampirinho brilhante da série Crepúsculo. Confesso que talvez tenha sido esse brilho vampiresco e o físico franzino que acabou ofuscando a competência de Pattinson como ator, que pode ser vista em filmes como A Caçada, O Rei ou O Farol.
Enfim, The Batman veio pra jogar no ralo qualquer desconfiança sobre Pattinson e dar continuação a uma pegada mais adulta do cinema de super heróis. Sabe aquela linha do que rolou com o filme do Coringa, interpretado por Joaquin Phoenix? Pois é, foi mais ou menos isso que rolou nesse filme também.
E o resultado foi excelente!
O filme acontece 20 anos após a morte dos pais de Bruce e, pouco tempo depois que ele começou a andar pela cidade in a batsuit.
Bruce Wayne é retratado como um completo deslocado, sofrendo com os fantasmas do passado, bem avesso a aparições públicas e com uma queda por sombra preta nos olhos. Mesmo jovem, ele parece consumido pelo seu objetivo de proteger Gotham, enquanto tenta entender as complexas ligações de sua família com Carmine Falcone.
O filme é quase como um retorno ao básico do herói. Por isso encontramos nele um Batman cheio de gadgets, com um batmóvel bonitão e quase um Sherlock Holmes. Sim, ele é um detetive de dar inveja aos personagens de CSI!
A direção de Matt Reeves garantiu um filme escuro, com algumas pitadas de Tim Burton, principalmente no aspecto gótico dado à Mansão Wayne e ao cenário em geral. Claro, isso é crucial pra manter o clima, principalmente em relação ao vilão principal.
Paul Dano ficou excelente como o Charada do século 21, que faz lives para seus seguidores, enquanto comete algumas atrocidades com figuras importantes da cidade. Tenho certeza que se você já jogou Vampiro a Máscara alguma vez, vai reconhecer nele um perfeito Malkaviano.
The Batman teve só um probleminha! A bilheteria.
Pelo filme que é, os pouco mais de $ 700 milhões arrecadados decepcionou, principalmente quando comparados com os quase $ 1,9 bilhão em bilheteria arrecadados por Homem Aranha: Sem volta para casa.
A bola da vez, agora, está na mão de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, que segundo previsões pode bater $ 300 milhões só nesse final de semana de estreia. Mas isso não é muito novidade, afinal todo mundo sabe que, em se tratando apenas de bilheteria, a Marvel faz um trabalho bem melhor que a concorrente.
⏳ Atemporalidades
Veja agora, leve pra vida.
Por hoje é só pessoal 🤙
Bebam café, se hidratem e não se esqueçam que, apesar das bolsas mundo afora terem caído pra caramba, ainda tem muito ativo caro por aí.
Bom final de semana e bom descanso!