Admirável Chip Novo
O Bom, o Mau e o Feio e a compra do Twitter. Um plano de dominação mundial? O Mais Importante para o Investidor. É o olho do dono que engorda o boi? Um presente de Omaha & O buscador de vagas do MF.
Segundou!
Se você é um dos nossos leitores mais assíduos, deve ter estranhado a edição do Diário de Omaha não ter chegado aí na sua caixa de entrada na sexta passada.
Mas fique tranquilo, seguimos por aqui!
E garantimos que a espera a mais valeu a pena: temos a estreia de uma nova seção, um presente e conteúdo de alto nível pra você começar bem a semana!
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☕ Expresso de Notícias
Curto e sem açúcar.
O Bom, o Mau e o Feio e a compra do Twitter
Em plena guerra civil nos EUA, três mercenários buscam por um tesouro enterrado. O problema é que nenhum dos três merece confiança, e apenas dois sabem, parcialmente, onde está esse tesouro.
A garotada com mais de 40 anos com certeza já sabe do que estamos falando. Em O Bom, o Mau e o Feio, Clint Eastwood, como Blondie (o Bom), Eli Wallach, como Tuco (o Feio) e Lee Van Cleef, como Angel Eyes (o Mau), partiram em uma busca incessante pelo tesouro de Bill Carson. O problema é que nenhum dos três tinha a informação completa da localização desse tesouro.
Tuco sabia em qual cemitério o tesouro estava. Blondie não sabia em qual cemitério estava, mas sabia qual cova deveria cavar. Angel Eyes, por sua vez, não sabia de nada, mas foi no rastro dos dois pra tentar conseguir sua parte do ouro enterrado.
É uma história de ambição e não existem heróis no filme de 1966. O Bom só é identificado assim, porque tinha um senso ético ligeiramente melhor que os outros dois. Por exemplo, ele matava somente quando estritamente necessário. Isso mesmo, ele era o Bom porque matava menos!
Das telinhas para a vida real, nessa semana, mais um capítulo de uma história de ambição se desenrolou. Elon Musk anunciou em sua conta no Twitter, que as negociações de compra da rede social estão suspensas. Segundo ele, é preciso mais detalhes sobre a porcentagem de usuários falsos da plataforma, antes de continuar com a compra de $ 44 bilhões.
No premarket americano, após a notícia bombástica, em uma história que já parecia finalizada, as ações da empresa começaram o dia caindo quase 20%.
Segundo Musk, a suspensão é temporária e vai durar enquanto ele investiga certinho o número de bots, contas de spam e fakes em geral da plataforma — problema que ele mesmo disse que iria endereçar tão logo assumisse as rédeas da empresa.
Até aí, tudo certo, afinal ele não está comprando um PS5 na esquina (até porque, com essa falta de semicondutor, deve ter ficado caro demais pra ele). Mas o que deixa os investidores com a pulga atrás da orelha é outra coisa.
Se você leu nossa penúltima edição do Diário, viu que Musk estava tendo alguns problemas para financiar essa compra, até que conseguiu o financiamento, desde que deixasse suas ações da Tesla como garantia. No entanto, no último mês, as ações da empresa caíram quase 25%.
Não foi uma queda solitária. Os mercados mundo afora não estão exatamente de bom humor, com todo esse cenário incerto causado pela recente pandemia, pela guerra na Ucrânia e por uma inflação recorde nos quatro cantos do planeta. Mas foi uma queda bastante relevante!
Isso significa que, caso Musk der andamento ao financiamento para comprar a plataforma, poderá ter que oferecer mais ações como garantia. Pior ainda, caso feche o negócio e as ações da Tesla continuem caindo de valor, é provável que tenha que enfrentar uma chamada de margem. Traduzindo: depositar mais dinheiro para o empréstimo não ser executado e as ações da Tesla vendidas para garantir seu pagamento.
Sair do acordo, agora, pode ser problemático, afinal existe uma multinha de $ 1 bilhão pra quem der pra trás. Porém, não se sabe, ao certo, se uma informação incorreta sobre o número de contas fake dada pela empresa, poderia livrar a cara do bilionário de pagar a multa acordada no contrato.
Como no filme dirigido por Sergio Leone, essa é uma trama de ambição. Nesse caso, Elon — com uma legião de fãs mundo afora — provavelmente seria o Bom, com parte da informação pra chegar no tesouro. O Twitter, o patinho feio das redes sociais não poderia ser outro senão o Feio, com a outra parte da pista. Aos demais acionistas, sobraria o papel do Mau, já que estão seguindo os outros dois nessa onda, só pra ver se conseguem uma parte do pote de ouro no final da história.
[🚨 Alerta de spoiler após a imagem 🚨]
A má notícia é que, no filme, Angel Eyes, o Mau, morre, e somente o Bom e o Feio dividem o ouro.
Admirável Chip Novo
Aquele que controla a especiaria, controla o Universo.
Essa é uma das frases clássicas de Duna, livro de ficção-científica de Frank Herbert que foi adaptado no ano passado para as telonas.
Trazendo a citação para o mundo real, ela poderia muito bem fazer referência ao petróleo. Isso faz ainda mais sentido nesta semana em que a Saudi Aramco, petrolífera estatal da Arábia Saudita, ultrapassou a Apple assumindo a posição de empresa mais valiosa do mundo.
Entretanto, a disputa entre as duas companhias vai além disso: ela é praticamente uma batalha de gerações.
Por muito tempo, as empresas mais valiosas do mundo foram as do setor de energia, especialmente, as produtoras de petróleo. Até em 2011 mesmo, tivemos a ExxonMobil como a empresa mais valiosa, com a PetroChina em terceiro e a Shell em quarto. (Detalhe: a intrusa, no segundo lugar, foi a empresa da maçã.)
A Saudi Aramco é representante dessa geração, produzindo, como você sabe, uma commodity. Ou seja, um produto que, por definição, é basicamente uma matéria-prima e não se difere por sua origem ou por quem o produziu. Seu preço é determinado, simplesmente, pela oferta e demanda internacional.
Enquanto isso, a Apple trabalha na ponta da tecnologia, buscando se diferenciar ao máximo de seus concorrentes, criando produtos icônicos que despertam o desejo de muitos por ostentar o logo da sua marca. Seu slogan mais famoso, é a síntese dessa ideia:
Depois desse comparativo, você pode ter começado a duvidar se a “especiaria” atual é mesmo o petróleo.
Achamos que ela é, na verdade, uma mistura de commodity e tecnologia.
O que seria isso?
Algo que você talvez esteja até cansado de ouvir sobre: os semicondutores (também mencionados por aí como “chips”). Eles são a commodity tech. Assim como o petróleo foi o meio de energia pra movimentar o mundo no último século, os semicondutores estão presentes em praticamente qualquer coisa eletrônica. São eles que fazem nossos celulares, carros e até máquinas de lavar funcionarem.
Hoje, quem controla a especiaria é a TSMC. Ela é a maior fabricante de semicondutores do planeta, não só em quantidade, mas também em “qualidade”. A empresa é a única a deter atualmente tecnologia para produzir chips de 3 nanômetros, por exemplo.
Mas dada sua importância, a disputa pelo controle da tecnologia dos semicondutores deixou de ser algo apenas de empresas para envolver países.
A TSMC tem suas fábricas em Taiwan, uma ilha ao lado da China. A região é um verdadeiro ponto de tensão entre EUA e China.
Taiwan desde 1949 é uma democracia com governo próprio, mas para Pequim aquele é um território chinês. Os EUA, como você deve imaginar, não gostam nenhum pouco da ideia de deixar uma tecnologia tão relevante dando sopa pro seu adversário. Ao mesmo tempo, a China não gosta da influência dos EUA por ali. Não à toa, vira e mexe surgem boatos de que os chineses pretendem invadir a ilha.
Por isso, reduzir a dependência da TSMC de Taiwan virou oportunidade de negócio.
A Índia quer se tornar um centro de produção de chips e faturar US$ 400 bilhões com isso até 2025. O país vai dar US$ 10 bilhões em incentivos pros fabricantes de semicondutores montarem fábricas por lá, além de subsidiar até metade do custo de instalação das plantas. (Essa é uma iniciativa parecida com a que levou a Taurus (TASA4) a fazer uma joint-venture por lá. Fica de olho que em breve teremos novidade no VBox).
O Japão, que tinha cerca de 50% do mercado global de semicondutores, em 1990, e hoje tem só 10%, também está correndo atrás do prejuízo. Pra se fortalecer, os japoneses buscam uma cooperação com os EUA e esperam fechar um acordo para a produção de semicondutores de 2 nm. No país asiático, fabricantes como a Tokyo Electron e a Canon estão desenvolvendo tecnologias de produção para linhas avançadas no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Avançada, um programa do qual a IBM também é participante. A IBM, por sua vez, completou um protótipo do chip de 2 nm, em 2021.
O Brasil mesmo pretende lançar um programa de incentivos, já batizado de "Brasil Semicondutores". A medida provisória, que ainda está sendo preparada, quer modernizar o Padis - Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores e a Lei de Informática. O objetivo dela é desonerar a cadeia produtiva, por meio de um mecanismo simplificado de entrada e saída dos materiais e componentes. Na prática, isso é uma tentativa de agilizar os procedimentos aduaneiros e diminuir a burocracia.
Enquanto isso, a Anfavea - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, sonha com a produção de chips em terras tupiniquins. Pra associação, nosso grande parque industrial automotivo é um fator que pode atrair investimentos do setor, já que o Brasil tem capacidade pra produzir 4,5 milhões de veículos por ano.
Mas, claro que não é só escala que importa.
A expectativa pra Índia mesmo não é lá muito alta. A consultoria KPMG e o HSBC disseram que a fabricação por lá pode não engrenar porque o país precisa de infraestrutura, uma cadeia de suprimentos integrada e trabalhadores qualificados. Olhando pra esses fatores, o Brasil não parece tão bem capacitado assim pra atendê-los.
Será que algum país (ou empresa) conseguirá tomar o posto de Taiwan (e da TSMC) de controlador da especiaria?
🕵️♂️ Analisando
Desvendando o Modelo de Negócios das empresas
Um plano de dominação mundial?
Estava eu, Pedro Accorsi, numa quinta de manhã tomando meu café, enquanto navegava na Amazon pra dar uma olhada nas ofertas, quando uma coisa me chamou atenção: o número absurdo de outras iniciativas da própria Amazon dentro da sua plataforma de um tempo pra cá.
Ao que parece, a empresa está cada vez mais distante de ser só uma varejista — o que ela vinha sendo desde o início dos seus negócios, em 1994 — pra se tornar uma gestora de várias outras marcas. E quando eu falo várias, é porque são várias mesmo!
Quando eu fui procurar quais as subsidiárias da gigante norte americana, descobri empresas que eu nem sabia da existência.
Na verdade, vejo isso se tornando um padrão cada vez mais comum entre as grandes empresas globais. Foi assim com a Apple, com a Microsoft e agora chegou a vez da Amazon.
No caso da Amazon, podemos dividir essas iniciativas em 7 principais campos: streaming, vendas, tecnologia, música, leitura, comidas e jogos.
Streaming.
Pra poder bater de frente com a Netflix, a Amazon criou o Prime Video, que terminou 2022 com mais de 200 milhões de assinantes. Pra você ter uma ideia melhor da dimensão da plataforma, aqui no Brasil, ela já tem 26% do mercado. Aposto que você não sabia disso, certo?
Outra coisa que acho que você não deve saber: a plataforma existe desde 2006. Sim, ela é super antiga, mas começou a a bombar, mesmo, de uns anos pra cá.
Além disso, a Amazon não se limitou somente a filmes, séries e documentários. Em 2014, vendo crescimento absurdo das transmissões de jogos de videogame e PC ao, ela comprou a Twitch, provavelmente a principal plataforma de transmissões de games do mundo. A aquisição custou quase US$ 1 bilhão .
Varejo
É claro que o varejo, principal fonte de renda da empresa, não foi deixado de lado. Com o Amazon Prime, uma assinatura que custa a bagatela de R$ 9,99 mensais (a empresa já anunciou que logo mais o valor vai subir), os assinantes ganham descontos e frete grátis em vários produtos no marketplace da Amazon. Por sua vez, o Amazon Prime também dá acesso ao Prime Video e mais alguns outros benefícios que já já você vai ficar sabendo.
Em outra iniciativa da empresa, a Amazon Associados, qualquer pessoa pode se cadastrar, vender os produtos do marketplace, e ganhar uma comissão a cada venda concretizada. Se por um lado isso diminui um pouco as margens da venda, por outro, ajuda a vender mais e crescer o faturamento. É só imaginar que essas vendas, provavelmente, não aconteceriam sem os associados, logo, o incentivo serve para motivar o associado a vender mais e aumentar a capilaridade do programa. O negócio é ganhar na quantidade!
Pra finalizar, a empresa também começou a adentrar o mundo das lojas físicas com a criação do Amazon Go. Dentro dessas lojas não existem caixas como a gente está acostumado. Todo processo é feito pelas máquinas de self checkout, nas quais o próprio cliente relaciona os itens comprados e faz o pagamento sozinho, numa espécie de auto atendimento. Muitos dizem que esse vai ser o futuro do varejo físico…
A Amazon foi espertinha e aproveitou as lojas físicas pra integrar suas operações, oferecendo produtos das suas marcas de eletrônicos e alimentos.
Música.
Se por um lado o Prime Video veio pra bater de frente com a Netflix, o Prime Music veio pra confrontar o Spotify. A assinatura se divide em duas, com o Prime Music, dentro do Amazon Prime, e o Amazon Music Unlimited, que seria a versão premium do Prime Music, custando R$16,90 por mês.
Tecnologia e Leitura.
A linha Amazon Echo foi com certeza a iniciativa mais inovadora e que fez mais sucesso desde a sua criação. Destaque pra Alexa, o famoso robozinho que consegue se integrar com a sua casa (nem vou entrar muito a fundo porque sei que vocês sabem do que eu estou falando).
Mas não é só a Alexa que fez sucesso. O Kindle também foi uma iniciativa inovadora que mudou o mundo da leitura. Ele é nada mais, nada menos do que um tablet feito só pra você ler. Ele tem tamanho, iluminação e configurações adaptadas pra garantir a melhor experiência ao leitor. Já foram vendidas mais de 20 milhões de unidades ao redor do mundo.
Pra acompanhar o Kindle, a Amazon oferece a assinatura Kindle Unlimited, que dá descontos em vários livros digitais vendidos por lá, além de oferecer centenas de exemplares gratuitos. O ticket da assinatura é de R$ 19,90.
Jogos de videogame.
Quando o cliente assina o Amazon Prime, ele também recebe acesso ao Prime Gaming. Caso você seja um gamer (como é o meu caso), é isso que vai fazer a assinatura ser PERFEITA.
Agora, caso você não seja um gamer, saiba que dentro dos jogos existem vários adicionais pagos, como mapas, camuflagens e skins. O que o Prime Gaming faz é entregar mensalmente esses benefícios de forma “gratuita” aos seus assinantes. Dezenas de jogos como FIFA e League of Legends, já estão lá na plataforma, que é integrada a Twitch.
Alimentos.
Entre todas, com certeza essa deve ser a área que causa mais espanto. Afinal, duvido que você estava esperando que a Amazon vendesse alimentos, como um supermercado. Sim, você não leu errado. Ela vende!
Começa pelo s Amazon Fresh, que é quase como um concorrente pro IFood. O Fresh começou como um serviço de compras online de alimentos, bebidas e produtos domésticos, cuja entrega acontece em até 2 horas.
Eu disse que começou assim, exatamente porque eles adotaram o mesmo modelo da Amazon Go, lembra? Ou seja, fizeram lojas físicas pro Fresh, com supermercado com self checkout. E ficaram bonitonas, viu!
Pra finalizar, como já não fosse o suficiente, a Amazon lançou uma marca própria de alimentos perecíveis: a Wickedly Prime. Incrível, não? Ela está em todo lugar!
Com tudo isso, nós podemos concluir uma coisa: a Amazon não está satisfeita em ser “apenas” a maior empresa de varejo do mundo.
Nos últimos anos, eles vêm trabalhando pra expandir suas operações pra diversas áreas, principalmente aquelas que ganharam visibilidade e o interesse das pessoas. O objetivo deles parece bem claro: bater de frente com as maiores empresas do mundo, nos mais diversos setores, oferecendo uma gama de produtos e serviços diversificados .
Esse é o novo modelo de negócios que vem ganhando popularidade entre as grandes empresas. Não focar em ser a maior em um único setor, e sim criar um ecossistema integrado de todas as operações. Com um negócio integrado ao outro, além de melhorar a experiência do consumidor, a empresa consegue melhorar seu faturamento e ao mesmo tempo suas margens pelas sinergias geradas nas operações.
Ah! Tenho certeza que você está se debatendo aí, porque não falei nada da Amazon Web Services ou AWS, né?
Sim, foi de propósito. Afinal ela é uma das maiores plataformas de computação em nuvem do planeta e merece um texto só dela. Só pra você sentir o gostinho, no ano passado, ela trouxe pra dentro da Amazon um faturamento de quase $ 62 bilhões. Isso dá quase 15% da receita total da empresa!
Pra mais detalhes sobre a AWS, acompanhe as próximas edições do Diário.
🍷 Sommelier
Consumimos de tudo. Trazemos o que importa
📚 Livros
O Mais Importante para o Investidor
Marks é fundador da Oaktree Capital e um dos maiores investidores de todos os tempos, logo ler o que ele fala é absolutamente necessário. Só por isso, você já deveria clicar no link de compra deste livro, imediatamente, e esse seria o menor texto sobre livros da história do Diário.
Porém, gostamos dos detalhes sórdidos!
O mais importante para o leitor (com o perdão do trocadilho), é saber — antes da compra — que esse livro tem um grau intermediário de dificuldade. Não queremos dizer que a leitura dele seja difícil em si, mas que um entendimento intermediário sobre investimentos vai fazer com que você aproveite melhor seu conteúdo.
Esse não é um livro com análises quantitativas sobre investimentos ao longo da história. Nem mesmo um livro que vai te ensinar em quais empresas investir ou como avaliá-las. O objetivo de Marks é de ensinar ao leitor uma filosofia de investimentos, pra ele guardar como bagagem pelo resto de sua vida como investidor.
Dito isso, quando começar a ler essa obra essencial, dê bastante atenção aos seguintes tópicos:
Ciclos de Mercado
Pensamento de Segundo Nível
Relação entre Preço e Valor
Controle de Risco
Sem sombra de dúvida, eles são os mais importantes entre os mais importantes.
Valuation (freestyle) do livro:
Nota: 9.
Grau de dificuldade: intermediária.
📃 Artigos
É o olho do dono que engorda o boi?
Colaboração de @idvalor_fin. (Quer escrever com a gente também? É só responder esse e-mail ou mandar uma mensagem pro @guilhermevcz).
Provavelmente você já ouviu a frase do título antes ou até conhece um caso em que ela se aplica: um dono de padaria, escritório ou uma pequena oficina. Mas será que isso é verdade para as grandes companhias, aquelas que valem milhões ou bilhões?
Essa é uma pergunta recorrente entre os pesquisadores acadêmicos! Eles querem descobrir qual é o "efeito CEO" no desempenho das empresas. O problema é que não é fácil demonstrar isso cientificamente. Colher um punhado de exemplos de colegas e amigos não é suficiente, afinal o ambiente que vivemos pode trazer um viés para as respostas encontradas tornando impossível generalizar o que acontece em nossas pequenas bolhas para contextos maiores. Temos que fazer melhor!
Felizmente, um grupo de pesquisadores encontrou uma forma muito criativa de fazer isso.
No artigo "Do CEOs Matter? Evidence from Hospitalization Events" publicado no The Journal of Finance (2020), os pesquisadores Morten Bennedsen, Francisco Perez-Gonzalez e Daniel Wolfenzon juntaram informações sobre o desempenho operacional e financeiro de quase 13 mil empresas dinamarquesas ao longo de vários anos (1996-2012) com dados de... hospitalização dos seus respectivos CEOs!
Isso mesmo, essa é a grande sacada da pesquisa! Ao saber precisamente o tempo que um CEO permanece fora do negócio (hospitalizado), é possível estimar o impacto causado por sua ausência na receita e no lucro da empresa, por exemplo.
Como a hospitalização é um evento "externo", isto é, não tem nada a ver com fatores que envolvem o negócio, é possível comparar o desempenho de empresas que estiveram com e sem CEOs ou então comparar a mesma empresa antes e depois da hospitalização.
Não só isso: os dados também permitem analisar a hospitalização dos CEOs conjuntamente com outros fatores relevantes na explicação do desempenho das empresas, garantindo assim que o efeito observado seja, de fato, atribuído à ausência do CEO e não a outros fatores concorrentes (é o que os acadêmicos chamam de "controle estatístico").
Estes são os três principais resultados da pesquisa:
A ausência do CEO prejudica significativamente o desempenho da empresa. Uma internação de 10 dias, por exemplo, reduz a lucratividade operacional da companhia em 5,8% em relação à sua média.
O efeito é maior entre: CEOs mais jovens; em empresas com crescimento acelerado e que possuem um controle bem definido, normalmente familiar; e em indústrias de capital humano intensivo.
Os CEOs são únicos: a hospitalização de outros executivos da empresa não provocou o mesmo efeito no desempenho das empresas analisadas.
Esses resultados confirmam algo importante no mundo dos investimentos: além de uma boa análise quantitativa, também é fundamental uma análise qualitativa! Você sabe quem é o CEO da empresa que você está investindo? Qual é a sua idade? Formação? Quanto tempo está na empresa? Quanto tempo está nesse ramo de atuação? Já teve experiências de sucesso anteriormente? E de fracasso?
E aí, você saberia responder essas questões? Se sim, parabéns, você fez a lição de casa! Se não, saiba (a partir de hoje) que o futuro da empresa que você investe (e, portanto, do seu rico dinheirinho) depende disso!
É por essas e outras que temos uma seção exclusiva nos vídeos e relatórios do VBox chamada “Quem está por trás do sucesso (ou fracasso) da empresa?”. Lá, nós nos debruçamos sobre a biografia, a formação acadêmica e profissional do CEO, dos diretores e dos membros do Conselho de Administração de cada empresa que analisamos.
Nunca viu como é? Então pula pra próxima seção pra garantir um relatório nosso! 👇
🎁 Presente de Omaha
Já viu que liberamos nosso Relatório de Valuation da Engie (EGIE3) gratuitamente?
Pra garantir o seu, é só tocar aqui:
🤝 Cantinho da CLT
Ou do estágio. Afinal, o que seria do capitalismo sem Excel e estagiários?
Quem está procurando vagas no mercado financeiro, não pode deixar de conhecer a @FinSearch_.
A ideia da página, que surgiu na semana passada, é concentrar todas as vagas do mercado num só lugar.
Por enquanto, ela funciona só no Twitter, mas em breve terá um site também! Fique de 👀!
⏳ Atemporalidades
Veja agora, leve pra vida.

Por hoje é só pessoal 🤙
Bebam café, se hidratem e não se esqueçam que comprar algo só porque “já caiu demais” não é uma boa estratégia!
Boa semana e bons negócios!
Tem alguma dúvida, crítica ou sugestão pro Diário? É só responder esse e-mail, comentar aqui embaixo se você estiver vendo pelo Substack ou mandar uma mensagem no Twitter/Instagram de qualquer um dos nossos analistas!