1 + 1 < 2 e o "bem-intencionado" mercado de ações
E mais: Nubank com Buffett e Pão de Açúcar com Abilio.
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☕ Expresso de Notícias
Curto e sem açúcar.
Saúde
Quando 1 + 1 é menor que 2
A DPSP, segunda maior empresa do varejo farmacêutico do país, teve mais um ano de baixo crescimento e desempenho ruim e vai trocar seu CEO: sai Marcelo Doll e entra, com o difícil sobrenome, Jonas Cézar Laurindvicius.
Dona das bandeiras Drogaria Pacheco e Drogarias São Paulo, a empresa foi formada pela fusão dessas duas redes em 2011, logo após o casamento entre as rivais Droga Raia e Drogasil.
A Pacheco, controlada por Samuel Barata — irmão de Jacob Barata e tio de Jacob Barata Filho, o rei do ônibus no estado fluminense — era muito forte no Rio, enquanto que a Drogarias São Paulo, de Ronaldo Carvalho, tinha posição de destaque em terras paulistas. Quando somadas, se tornaram a maior varejista do setor em todo o país, com uma complementaridade geográfica linda, daquela que faz o mercado prever crescimento pujante e altas sinergias.
Desde o início, a performance da empresa desapontou, principalmente quando comparada à Raia Drogasil. É verdade que a DPSP quase dobrou suas lojas desde então, passando de 691 lojas em 2011 para mais de 1.300 hoje. O problema é que a RD foi de 776 para 2.300 pontos de venda no mesmo período. E pior, enquanto a Raia conseguiu se expandir como um relógio suíço — vamos falar bastante sobre isso no Valuation Box dela —, o crescimento orgânico da sua adversária foi muito desorganizado, com queda de Receita Bruta por Loja entre 2013 e 2018.
Se na época dessas mega transações havia dúvida de quem venceria a batalha pelas farmácias brasileiras, ela não existe mais. Em 2020, a RD vendeu o dobro da DPSP com lucro 58x maior.
Um dos principais abacaxis da empresa dos Barata e dos Carvalho é que os controladores nunca se entenderam e as duas bandeiras sempre agiram de forma independente. Por isso, nunca conseguiram captar diversas sinergias e acabou que 1+1 virou menor que 2.
Apesar de todos esses problemas, o mercado vê que, em boas mãos, a DPSP é um ativo e tanto. Afinal, é a segunda colocada em faturamento em um setor que cresce acima da economia brasileira e parece ser imune às crises econômicas.
Volta e meia aparece um grupo internacional tentando comprar a empresa. Em 2014, a CVS, varejista líder no país do Tio Sam, tentou, mas foi frustrada pelo não de Samuel Barata. Mais recentemente, foi a vez da mexicana FEMSA cortejar a empresa, mas até agora nada.
Vamos ver se, sob o comando de Jonas Cézar, o 1+1 se torna maior que 2.
Indústria/Internacional
De boas intenções o… mercado de ações está cheio
A PureCycle foi criada com uma causa nobre: revolucionar a reciclagem de plástico. A empresa afirma ter desenvolvido um processo único de reciclagem do polipropileno, o segundo tipo de plástico mais produzido no mundo (perdendo só para o polietileno) muito utilizado em rótulos e embalagens.
Enquanto os processos de reciclagem normais resultam em materiais com aplicações limitadas, o processo da PureCycle remove cor, odor e outros contaminantes, dando ao material reciclado propriedades iguais às de um “plástico virgem” — ou seja, que podem ser usados normalmente para qualquer coisa — como um plástico novo. Parece bom, não?
Sim, muitos investidores também acharam. Assim, a empresa foi mais uma das que chegaram recentemente à NASDAQ, por meio de um SPAC (se você não sabe o que é isso, dê uma olhada nesse Diário de Omaha), sem gerar 1 centavo sequer de receita. Só na promessa mesmo.
Na verdade — apesar de estranho — não há nada de errado em uma empresa ser listada em bolsa sem gerar receita, mas é claro que isso, no mínimo, levanta suspeitas. Assim, a Hindenburg Research (também falamos sobre ela no Diário do link anterior) decidiu dar uma olhada mais a fundo nessa história. Olha algumas das coisas que eles descobriram:
O Chairman e CEO da PureCycle, junto de outros executivos da empresa, já abriram o capital de 6 companhias. TODAS deram ruim: 2 faliram, 3 foram delistadas e 1 foi adquirida após uma queda de ~95%. No final das contas, cerca de $760 milhões em capital acionário público foram pro ralo.
Vários ex-funcionários das empresas anteriores falidas disseram que os executivos da PureCycle fazem suas projeções financeiras — desculpe-nos o linguajar, mas poderia ser até pior — com base em “palpites tirados da bunda”, enganando investidores.
Apesar disso tudo, o pessoal que comanda a empresa vai “muito bem, obrigado”. Eles receberam $7 milhões de bônus, simplesmente por terem fechado o negócio do SPAC, e já tem mais $40 milhões programados pra entrar na conta deles. Tudo isso, lembremos, sem nada de receita gerada pela empresa.
Bom, por aí, já deu pra sacar o porquê de em nossos relatórios termos uma seção dedicada, especificamente, pra falar sobre Quem manda na empresa e Quem está por trás do sucesso da empresa. Lá, colocamos não só o quanto os Diretores e Conselheiros ganham, mas também seu histórico profissional e acadêmico, além de falar das pessoas ou grupos que tem as maiores participações no capital acionário da empresa analisada.
Só nesse critério já daria pra evitar o investimento na empresa, afinal, se você não confia em alguém, você entraria de sócio com ela em algum negócio?
Mas alguns investidores parecem ter memória curta, perdoam fácil demais ou nem sequer sabem no que estão investindo. O relatório da Hinderburg sobre a PureCycle foi publicado em 6 de maio. Nos dias seguintes à divulgação, a ação despencou, mas desde então vem recuperando o fôlego (ela caiu 32,5% em maio e subiu 35,8% em junho):
Apesar disso, quem perdeu grana pra valer nas falsas promessas não está deixando o negócio ficar por isso mesmo. Pelo menos 2 firmas de advocacia estão movendo uma ação coletiva contra a Companhia, com investidores que perderam mais de 50 mil ou 100 mil dólares tendo o prazo de até amanhã, 12/07, pra entrarem na briga.
Agora a situação parece que ficou difícil pra PureCycle reciclar.
🍷 Sommelier
Consumimos de tudo. Trazemos o que importa.
🎙 Podcasts
No mês passado, quando o Nubank anunciou que Warren Buffett — por meio da Berkshire Hathaway — investiu 500 milhões de dólares na empresa, muita gente foi pega de surpresa. "Será que tanta Coca-Cola começou a afetar o bom velhinho?", alguns pensaram.
Ao que tudo indica nosso guru continua muito bem, tanto é, que ele foi fotografado no Acampamento de Verão dos Bilionários, semana passada.
Quem também estava lá era David Vélez, CEO do Nubank, que participou do podcast Founder’s Field Guide e contou, entre outras coisas, sobre como foi a conversa com o pessoal da Berkshire pra botar a grana na empresa. (Dica: pra quem prefere ler, aqui está a transcrição do áudio).
🎥 Vídeos
Quer entrar no aquecimento pro Valuation Box de PCAR3? O último vídeo do "Do Zero ao Topo" traz uma entrevista com Abilio Diniz contando sobre sua trajetória profissional e a história do Pão de Açúcar.
🤝 Cantinho da CLT
Ou do estágio. Afinal, o que seria do capitalismo sem Excel e estagiários?
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Boa semana a todos e bons negócios!